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:: Tuesday, September 30, 2003 ::
1. Neo-bloguismos
1.1. Novo Link Apesar da época balnear estar no fim a temperatura dos posts d'a praia prevê-se relativamente constante e extremamente agradável.
1.2. Cão com fome O cão de guarda soltou-se da trela, desatou a correr, e depende agora da caridade de transeuntes para a sua alimentação. É favor evitar posts com açucar, sob o risco dele se tornar um caniche com cataratas.
2. Divagações
2.1. Rolling Stones Não valerá a pena repetir aqui as descrições e elogios que os media já se encarregaram de disparar em relação ao concerto dos Rolling Stones em Coimbra. Direi só que na minha opinião estão justificados - o concerto foi de facto um espectáculo fabuloso. No meio do frenesim de som e efeitos visuais não pude evitar divagar: como justificar moralmente o luxo, a diversão, e enfim, desperdícios, perante toda a miséria humana que subsiste?
3. Paulo-Portismos - Breves comentários (porque isto já enjoa)
3.1. Introdução O paulo-portismo é pervasivo. Suscita reacção e por isso espalha-se, fala-se, escreve-se, inscreve-se. Este ponto do post, assumidamente derrotado, contribui para essa proliferação. Mas não havia como não reagir.
3.2. Os telhados de vidro "Há afinal um leviatã no dircurso político nacional: é a esquerda politicamente correcta (EPC). A EPC é uma entidade tirânica contra a qual é preciso resitir (talvez esteja mesmo alinhada com o Eixo Do Mal bushiano). A EPC controla os meios de comunicação social e controla as mentes do povo português." 1ª pedrada no telhado de vidro: O Independente. 2ª pedrada no telhado de vidro: Tudo isto não passa de um jogo linguístico para o qual George Lakoff nos alerta. O discurso paulo-portista descreve a "esquerda" como "politicamente correcta" e tirânica: tirânica porque (pelo menos na cabeça paulo-portista) os cidadãos são como as formigas e se lhes lançam feromonas eles vão mecanicamente atrás delas sem capacidade crítica (uau, emergiu aqui uma descrição do Congresso paulo-portista!), e "politicamente correcta" porque (ainda na cabeça referida) o seu objectivo exclusivo será a manutenção de um status quo.
3.3. As incongruências pseudo-humanistas O discurso anti-imigração para defesa de "empregos em Portugal só para portugueses" dissolve-se num "cocktail pseudo-humanista", em que, embora as consequencias sejam as mesmas - impedimento de entrada de estrangeiros no país - as razões oferecidas como justificação são a protecção dos pobres imigrantes que, a entrarem no pais serão explorados e forçados a trabalhar em condições impensáveis pelos empregadores. Mas pergunto eu como é isto possível, se as empresas já não são marxistas, sendo afinal um espaço de cooperação e benefício mútuo??? Algo não bate certo (talvez seja a cabeça referida).
3.4. A memória inventada O paulo-portismo é a prova acabada que o wishful thinking pode, de facto e contra todas as expectativas, ter efeito. Os soviéticos tentaram, fizeram mesmo muita força, mas não conseguiram que Trotsky nunca tivesse existido. O paulo-portismo, aparentemente, conseguiu fazer desaparecer não um, mas quatro nomes. Muito melhor que qualquer Luís de Matos ou David Copperfield!
Parece que o nome a evaporar que se segue é o socialismo. Porque não dar mais um passo e esquecer que o Holocausto algum dia ocorreu?
3.5. Tumores A descolonização das colónias portuguesas foi mal feita. Milhares de pessoas sofreram com isso. Não questiono estes factos (sou eu próprio descendente de retornados). Mas antes da des-colonização teve de existir uma colonização, da qual o paulo-portismo convenientemente se abstem de comentar o significado político, social e humano.
3.6. Onomatopeia Bah!
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 11:06 PM [+] ::
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:: Tuesday, September 23, 2003 ::
Em larga medida, Kate Moss Estranha poderá ser a existência real de uma pessoa famosa. Em larga medida a pessoa famosa existe nas pessoas todas, via revistas, jornais, tvs, sites, blogues. A pessoa por detrás da capa mediática não é bem uma pessoa, é uma celebridade, é um pedaço de intersubjectividade, é do mundo e não dela própria. É uma figura pública, e se é pública é de todos, em larga medida.
Os 15 minutos de Warhol, mais do que um presságio ou condenação, seriam uma libertação. Após um quarto de hora de publicidade, o retorno à privacidade, em larga medida.
Subitamente, uma questão. Logo depois uma pesquisa no Google.
Durante a minha adolescência, em larga medida, proliferou talvez a geração de super-modelos. Os anos 90 foram de algum modo golden years para a moda com modelos como Claudia Schiffer, Cindy Crawford, Linda Evangelista e, clara mas não obviamente, Kate Moss, a alterar o seu estatuto pelo acréscimo do prefixo “super-”, em larga medida proporcional aos saldos dos respectivos extractos bancários e ao número de pessoas que as reconheceria se as visse na rua (ou em revistas, jornais ou tvs).
Porém para a minha geração e mais especificamente para o meu género (o masculino) o prefixo assumia uma conotação, em larga medida, sexualizada. Estas mulheres eram, sem que no entanto muitos de nós fossemos capazes de o articular consciente e coerentemente, as musas da nossa geração. A estabelecer pontos de referência, elas provavelmente seriam chamadas ao barulho.
Como tal eventualmente disse-se ou escreveu-se que as modelos e, enfim, a alta moda em geral definia ou redefinia, em larga medida, a beleza, mas parece-me obscura o sentido relação: do particular para o universal, ou vice-versa? Será a beleza definida a partir das modelos, ou seriam estas seleccionadas por corresponderem à ideia de beleza? E aqui começam, em larga medida, as distinções.
A maioria das modelos pode ser mais ou menos facilmente identificada com um exemplar em larga medida bastante estereotípico. De 1 metro e 80 para cima, os agora clássicos 86-60-86, o típico andar da catwalk ou passerelle, isso tudo.
É porém óbvio que a beleza feminina dos anos 90 não se reduzia à passerelle ou catwalk. Esta década presenciou também ao surto de “Marés Vivas”, adaptradução do original estadunidense “Baywatch”. Aí sim (não fosse a série televisiva verdadeiramente Tio-Samiana) encontrámos o efeito neo-barbie, cujo exemplar mais típico é a – estranhamente sobrevivente neste período aparentemente pós-barbie – Pamela Anderson (pensando bem não é tão ‘estranhamente’ quanto isso; é mais ‘pornograficamente sobrevivente’).
Pam com os seus longos cabelos loiros, os seus olhos claros e os seus artificially augmented breasts, cuja tradaptação é, como seria de esperar, “mamas grandes”, representa fielmente a essência do espírito neo-barbico.
Assim a ‘beleza feminina’ dos anos 90 andava em larga medida algures entre super-modelos e neo-barbies, todas iguais dentro de cada grupo e relativamente parecidas umas com as outras.
No meio disto tudo (‘meio’ num sentido fraco e claramente não geométrico) andava uma skinny girl de Croydon (Surrey, UK) que já trabalhava como modelo desde 1988. Estranho é constatar (por simples dedução) que em 1988 não existiam, ou pelo menos não eram aplicadas, leis contra o trabalho infantil – afinal a rapariga tinha 14 anos. Fazendo lembrar a previamente famosa Twiggy, por ser extremamente magra, esta skinny girl que não era suficientemente alta para ser modelo, que era morena, que tinha olhos castanhos, e que não enchia mais que um soutien 32, parecia em larga medida desafiar a ortodoxia, o paradigma dominante super-modelo-neo-barbista.
É claro que Kate Moss foi alvo de várias críticas, sendo as principais o standard-setting exagerado e prejudicial em termos de figura corporal, e a imagem quase anti-feminista de menina fraca, desprotegida e infantil, contraste perigoso do homem forte, protector e dominador. O que é certo é que, de algum modo, o mundo da moda e o conceito de beleza em geral sofreram abalos, com o que de positivo e negativo esse facto acarreta, depois do auge de Kate Moss.
Mas uma leitura ‘caridosa’ (charitable – obrigado Hugo) do fenómeno Kate Moss pode apontar noutro sentido. O que servia em larga medida de justificação à minha adolescent thing for Kate Moss era precisamente a quebra que ela representava com o paradigma super-modelo-neo-barbico relativamente à beleza. E neste sentido, Kate Moss é a modelo inverosímil, que não tem falsos pudores com o seu corpo, que se interna numa clínica de desintoxicação para recuperar o que ainda há a recuperar depois de uma série de passos em falso. Não é a pessoa perfeita, é a pessoa possível. Do meu ponto de vista a skinny girl de Croydon, embora podendo implicitamente dizer “be thin”, “be wild”, “be reckless”, parece acima de tudo querer dizer, cf. Calvin Klein, "just be".
Actualmente é mãe de uma rapariga (Lila Grace, filha de Jefferson Hack), protagonista do
videoclip “I just don’t know what to do with myself” na sua reinterpretação pelos White Stripes, a revista W dedicou-lhe 40 páginas em Agosto de 2003 onde inspirou sete artistas, corre o rumor que anda metida com Bobby Gillespie dos Primal Scream, onde canta numa das músicas do mais recente album.
Em larga medida, de toda uma geração de "super-models", talvez só Kate Moss tenha
sobrevivido.
Interesting detail: Atendendo ao perído temporal visado no post creio que à imagem Kate Moss na moda corresponde, em larga medida, a imagem de Wynona Rider no cinema. O pormenor interessante e enfim elo semântico é o sr. Johnny Depp, ex-namorado de ambas.
(Já sei que ainda faltam cerca de 7 a 8 anos, em larga medida, até os 90’s se tornarem definitivamente kitsch, embora já haja à venda colecções de n cds “The Best of the 90’s”...)
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 11:59 AM [+] ::
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:: Wednesday, September 17, 2003 ::
Costuma-se dizer que a formiga é trabalhadora, às vezes por oposição à cigarra. A formiga de Langton tem feito justiça à expressão (a cigarra de Langton, pelo contrário, ficaria no meio dos quadradinhos brancos sem se mexer, efim, ciclo após ciclo sem fazer nada, alí parada... entretanto a formiga faz auto-estradas e a cigarra continua sem mexer uma pata; depois, quando a formiga concessionar aquilo à Brisa, ela que não se queixe de pagar portagens...).
A formiga de Langton tem inundado a blogosfera de postomonas bastante interessantes que evocam eficazmente um traço de stigmergias onde figuram posts como este. Estará a emergir uma blogo-estrada a partir de um formigueiro?
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 2:11 AM [+] ::
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:: Wednesday, September 10, 2003 ::
Este post consiste numa pequena clarificação conceptual, ilustrando graficamente aquilo que se entende por 'Marxismo Light' (no seguimento de:
Tipologia de marxismos (a praia) :: Onze teses sobre o marxismo light (o país relativo) :: Conversa para entreter enquanto esperamos a Sua Segunda vinda (a praia)).

:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 8:45 PM [+] ::
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:: Saturday, September 06, 2003 ::
Resposta da semana: qualquer coisa como "Penta Malaka!!!"
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 11:06 PM [+] ::
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:: Wednesday, September 03, 2003 ::
Novo look para o blog. Still on the making, but getting there.
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 1:53 AM [+] ::
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:: Monday, September 01, 2003 ::
«[This is extracted from a story by Terry Bisson called "Alien/Nation" first published in Omni (1991). Reproduced by kind permission of the author.]
"They're made out of meat."
"Meat?"
"Meat. They're made out of meat."
"Meat?"
"There' s no doubt about it. We picked several from different parts of the planet, took them aboard our recon vessels, probed them all the way through. They're completely meat."
"That's impossible. What about the radio signals? The messages to the stars."
"They use the radio waves to talk, but the signals don't come from them. The signals come from machines."
"So who made the machines? That's who we want to contact."
"They made the machines. That's what I'm trying to tell you. Meat made the machines."
"That's ridiculous. How can meat make a machine? You're asking me to believe in sentient meat."
"Im not asking you, I'm telling you. These creatures are the only sentient face in the sector and they're made out of meat."
"Maybe they're like the Orfolei. You know, a carbon-based intelligence that goes through a meat stage."
"Nope. They're born meat and they die meat. We studied them for several of their rife spans, which didn't take too long. Do you have any idea of the life span of meat?"
"Spare me. Okay, maybe they're only part meat. You know, like the Weddilei. A meat head with an electron plasma brain inside."
"Nope. We thought of that, since they do have meat heads like the Weddilei. But I told you, we probed them. They're meat all the way through."
"No brain?"
"Oh, there is a brain all right. It's just that the brain is made out of meat!" "So . . . what does the thinking?"
"You're not understanding, are you? The brain does the thinking. The meat."
"Thinking meat! You're asking me to believe in thinking meat!"
"Yes, thinking meat! Conscious meat! Loving meat. Dreaming meat. The meat is the whole deal! Are you getting the picture?"
"Omigod. You're serious then. They're made out of meat."
"Finally, Yes. They are indeed made out of meat. And they've been trying to get in touch with us for almost a hundred of their years."
"So what does the meat have in mind?"
"First it wants to talk to us. Then I imagine it wants to explore the universe, contact other sentients, swap ideas and information. The usual"
"We're supposed to talk to meat?"
"That's the idea. That's the message they're sending out by radio. Hello. Any one out there? Anyone home? That sort of thing."
"They actually do talk, then. They use words, ideas, concepts?"
"Oh, yes. Except they do it with meat."
"I thought you just told me they used radio."
"They do, but what do you think is on the radio? Meat sounds. You know how when you slap or flap meat it makes a noise? They talk by flapping their meat at each other. They can even sing by squirting air through their meat."
"Omigod. Singing meat. This is altogether too much. 50 what do you advise?"
"Officially or unofficially?"
"Both."
"Officially, we are required to contact, welcome, and log in any and all sentient races or multi beings in the quadrant, without prejudice, tear, or favor. Unofficially, I advise that we erase the records and forget the whole thing."
"I was hoping you would say that."
"It seems harsh, but there is a limit. Do we really want to make contact with meat?"
"I agree one hundred percent. What's there to say?" 'Hello, meat. How's it going?' But will this work? How many planets are we dealing with here?"
"Just one. They can travel to other planets in special meat containers, but they can't live on them. And being meat, they only travel through C space. Which limits them to the speed of light and makes the possibility of their ever making contact pretty slim. Infinitesimal, in fact."
"So we just pretend there's no one home in the universe."
"That's it."
"Cruel. But you said it yourself, who wants to meet meat? And the ones who have been aboard our vessels, the ones you have probed? You're sure they won't remember?"
"They'll be considered crackpots if they do. We went into their heads and smoothed out their meat so that we're just a dream to them."
"A dream to meat! How strangely appropriate, that we should be meat's dream."
"And we can mark this sector unoccupied."
"Good. Agreed, officially and unofficially. Case closed. Any others? Anyone interesting on that side of the galaxy?"
"Yes, a rather shy but sweet hydrogen core cluster intelligence in a class nine star in G445 zone. Was in contact two galactic rotations ago, wants to be friendly again."
"They always come around."
"And why not? Imagine how unbearably, how unutterably cold the universe would be if one were all alone."»
in Clark, A. (2001). Mindware: an introduction to the philosophy of cognitive science.
New York: Oxford University Press (pp. 25-27).
Parece haver uma determinação em construir um espelho que nos devolva uma imagem semelhante à desta caricatura. No entanto, parece ser na carne (e não no resto, o que quer que seja) que encontraremos o que queremos saber. Cada vez mais me parece estarmos a assistir a uma viragem existencialista na ciência cognitiva (ou na filosofia desta), domínio que simboliza o desencantamento Weberiano all the way trough.
:: Eurico Z. Cebolo, Reitor U.Parv. 11:56 AM [+] ::
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